sábado, 19 de novembro de 2011

La Piel Que Habito

Título Original: La Piel Que Habito
Título Português: A Pele Onde Eu Vivo
Realizado por: Pedro Almodóvar
Actores: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, Roberto Álamo, Blanca Suárez
Data: 2011
País de Origem: Espanha
Duração: 117 mins
M/16
Cor e Som









Almodóvar, o realizador espanhol de culto, é primariamente conhecido por realizar filmes centrados na temática da família, dramas de regressos, relações secretas, chantagens, são o tema de eleição do espanhol. Em La Piel Que Habito, o drama familiar mantém-se mas é-lhe dado uma nova roupagem e uma nova atmosfera: Antonio Banderas interpreta um brilhante cirurgião plástico, perito em dermatologia que, traumatizado por a sua mulher ter sido vítima de um incêndio, dedica a sua vida actual a criar uma pele artificial superiormente resistente. Para isso tem a ajuda de Vera, uma linda rapariga que aceita ser a cobaia do cirurgião Robert.
O que é fascinante na La Piel Que Habito e que torna este filme tão único na filmografia de Almodóvar é que, mais que um drama, é-nos apresentado um terror psicológico incómodo e revoltante, mas sempre com um sentimento de "calma". O enredo vai sendo construído com recurso a algumas elipses, que nos vão ajudar a compreender a forma de vida bizarra que Robert, Vera e Marilia, governanta e ajudante, partilham. Parece influeciado por ideias como Saló de Pasolini. Na verdade esta atmosfera de terror, que não é terror, vai dar às personagens o espaço necessário para desenvolver a sua frieza e imoralidade que por vezes chega a enojar-nos.
A interpretação de Antonio Banderas, a par do eficaz enredo, é o ponto alto do filme. É de acordo comum que Banderas é considerado um bom actor, mas sinceramente não me consigo recordar de nenhuma prestação na sua vasta filmografia em que estivesse melhor. Está soberbo. O papel de médico sem moral parece estar feito de propósito para ele.
Em termos de cinematografia, propositadamente as cores vivas de filmes anteriores são abandonadas em favor de uma palete mais metálica, mais "laboratório", de forma a corresponder à atmosfera de não-terror de La Piel Que Habito. No entanto os detalhes, as posições dos objectos, características típicas de Almodóvar não se perdem. Este é claramente um filme do seu autor, apenas uma exploração diferente. E muito bem sucedida!
Longe de pretensioso, coisa que provavelmente se poderia acusar a algumas das obras anteriores do espanhol, este é um filme com um lugar muito próprio no cinema, algo de único pelo seu estilo. É algo que não é exactamente um filme "muito bom", digno de 4 estrelas, mas que pela sua originalidade e pelo simples facto de não apresentar falhas visiveis (talvez apenas alguma confusão quanto à identidade de uma ou outra personagem mas que sem uma grande dificuldade se chega lá) merece um lugar de grande destaque. Vivamente recomendado.

Nota:

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